sexta-feira, 12 de maio de 2017

Novos hábitos: como minar as suas relações em alguns passos.

As novas tecnologias têm afastado a minha geração, e outras, do que, antigamente, eram as principais fontes de relaxamento antes de ir dormir: ver um pouco de tv, ler um livro, jogar cartas ou algum jogo em família. Em minha casa, quando era pequena, o meu pai lia o jornal, a televisão estava sintonizada no canal 1 para não perder o telejornal, comíamos na cozinha sempre sem televisão, jogávamos às cartas, e depois, quando chegaram os outros canais e mais telenovelas, a minha mãe via a telenovela (na altura era só uma!) da noite, enquanto o meu pai lia o seu jornal, e os filhos andavam pela sala a brincar ou fazer jogos em conjunto. Hoje em dia o paradigma mudou. Com a tv por cabo, tablet, smartphones, consolas de jogos e toda uma panóplia de nova tecnologia, as famílias reunem-se (ou afastam-se) ao som das novas tecnologias. 

É ver as pessoas com os telemóveis ao mesmo tempo que estão, supostamente, a ver uma série que gostam, as crianças a ver desenhos animados, e com um tablet na mão ao mesmo tempo, cada um para seu lado, televisões ligadas durante o jantar com todos com a cabeça virada para a mesma, casais que vão para a cama de telemóvel em punho a adiar a hora de ir dormir, distraídos com uma qualquer actualização do facebook que em nada os enriquece, em vez de conversarem, lerem um livro, fazerem amor, etc. É que não chega estarem atentos a uma coisa só! Há quem diga: mas qual é a diferença? Antigamente lia-se o jornal, hoje vemos as noticias na net. A verdade é que não é a mesma coisa porque a vida online é uma fonte inesgotável de distracção e, principalmente, a meu ver, causa um alheamento muito maior. Isto é: as pessoas não conseguem dar atenção à vida familiar que se desenrola à sua volta e deixam de interagir com a família. 

Aqui, temos tentado contrariar um pouco isto, apesar de nem sempre ser fácil. A tentação das noticias na hora, da vida aparentemente perfeita dos outros, o acesso a toda a informação online é viciante. O cansaço e dificuldade em ter iniciativa para fazer alguma coisa, também não ajuda. Mas lá vamos aos pouco. Tablet para a mais velha só ao final de semana e uns 30 minutos máximo, nós tentamos chegar e pousar os telemóveis e dar-lhes atenção a 100% focados, sem estar sempre a ir ver se alguém disse alguma coisa no Messenger ou whats app. E, depois de elas adormecerem, conversamos um pouco, vemos alguma coisa juntos na tv e lemos. E então, abolimos completamente as novas tecnologias? Não, claro! Há ali uns pequenos períodos em que realmente estamos online, ou quando a pequena já dorme e a mais velha está a ver o seu bocadinho de tv diário, ou deixamos uma pequeno período para isso quando estamos já só os dois. Mas a verdade é que temos tentado diminuir.

Isto escrito assim parece ridículo! Como é que nós estamos a brincar com as miúdas e a mexer no telemóvel? Porque raio fazemos isso? Isso é sabotar o nosso vinculo com as crianças e ensinar-lhes que não faz mal não prestar atenção ao que se está a fazer, que é normal falar com uma pessoa e pegar no telemóvel para falar com outra ao mesmo tempo! E não é normal. Isso é uma falta de respeito. Se já fiz isto, sim! Mas é algo que tem tendência para não se repetir. Quero que as minha filhas não achem que o telemóvel é um prolongamento das minhas mãos! 

A propósito disto: ainda ontem no café estavam 2 amigas, adultas com bem mais de 30 anos, cada uma com o seu telemóvel na mão. Pediram a um senhor para tirar fotografias, fizeram poses, sorriram, e voltaram a mergulhar cada uma no seu telemóvel! Ora isto não faz sentido! Provavelmente ainda devem ter postado no facebook uma foto com uma legenda a dizer "fantástica tarde de amigas"...

3 comentários:

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