terça-feira, 26 de julho de 2011

De como a vida às vezes nos trai

A infertilidade apanhou-nos desprevenidos. Não sabíamos, não fazíamos a mínima ideia até termos pensado em aumentar a família.
Custou saber que pelos “métodos naturais” seria pouco provável conceber. Custou ainda mais ter feito medicação e não ter resultado. Andei revoltada, triste, sem vontade de me dedicar a mais nada. No entanto, o dia em que me disseram: “Para já vais ter de parar os tratamentos” foi o dia da minha libertação. Acalmei, senti uma tranquilidade invadir-me, senti-me finalmente em paz ao fim de mais de um ano. Na altura era algo que eu não queria ouvir, mas foi a notícia que me tirou a angústia, que me abriu as portas e me permitiu respirar fundo ao fim de muito tempo, e sentir-me feliz novamente. Tu andaste mal, pois para além de veres o teu sonho traído, tal como o meu, vias a tua cara metade desfeita. E também para ti esta acabou por ser uma boa notícia…
 E agora, tivemos outra vez más notícias. Mas a verdade é que não faz mal… não faz mesmo. Agora podemos e sabemos esperar. Aprendemos. Há coisas que se aprendem, outras que se apreendem. Porque éramos imensamente felizes antes de decidirmos ter filhos, e nos tornamos melancólicos, e sempre com lágrima fácil e ansiávamos voltar ao que éramos. O NÓS feliz…
E vamos no bom caminho. Encontramo-nos novamente. A nuvem negra desapareceu. Decidimos aproveitar a vida, porque ela é curta e deve ser vivida, sem fantasmas. Agora falamos do assunto com naturalidade, vamos às consultas como mais um passo para um objectivo a longo prazo. E isso não quer dizer que desistimos! De forma alguma… não se desiste de um sonho em comum… Só quer dizer que aprendemos a esperar calmamente pelas boas noticias… e reaprendemos a viver, juntos, todos os dias.
Se dói? Dói… todos os dias, mas cada vez menos. E há dias maus, em que a angustia toma conta de mim, e consequentemente de ti, meu amor. Mas na maioria dos dias somos felizes, e damos muito mais valor à vida fantástica que temos juntos. Vivemos um dia de cada vez, a tentar saborear o que de bom ela nos dá, porque nem sempre nos dá aquilo que mais queremos.
Porque a infertilidade nunca é problema apenas de um, mas sempre dos dois. Porque temos de estar lá um para o outro, e porque ambos sofremos, cada um à sua maneira. Porque nos amamos, e o que nos fez decidir ser pais foi o amor que nos unia. Porque és o marido mais fantástico que existe, e porque a nossa relação é perfeita dentro da sua imperfeição… O que realmente nos faz feliz é amarmo-nos, porque isso sim foi o inicio de tudo.

8 comentários:

  1. Lindo texto... Não consigo comentar mais, porque, infelizmente, sinto bastante o eco das tuas palavras...

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  2. Havemos de conseguir Dina... Havemos de conseguir...

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  3. Hoje dediquei me a ler os teus posts antigos.. E este é exactamente o que um casal amigo meu esta a passar.. Ela ja teve de parar com os tratamentos duas vezes... Mas nunca perdem a esperança de um dia consguir um bebe... beijinho

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    1. Como podes agora perceber pelo blog, valeu a pena esperar. E incrivelmente aconteceu sem tratamentos... Não foi necessariamente por termos descontraído mais, nem nada disso. Aconteceu (estavmos atentos às oportunidades , claro :)). Vale a pena ter esperança!!
      Beijinhos e força aos teus amigos

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    2. Obrigado..:) e muita saude e felicidades pra esse pimpolho e para os papás...:)

      beijinho

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  4. A minha amiga ja conseguiu engravidar.. Ainda recente ( 7 semaninhas) mas ja sabe que sao gemeos..:)

    VAle sempre a pena esperar..

    Beijinho

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    1. Fico tão, mas tão feliz quando leio uma coisa destas!!! Sei bem a felicidade que é! Muitos parabéns para a tua amiga e que corra tudo bem!

      Beijinhos grandes

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  5. Obrigado.. Espero que contigo tambem corra sempre tudo bem....

    beijinho

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